terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sucção




Motricidade Oral é a área da Fonoaudiologia que irá aperfeiçoar e reabilitar os aspectos estruturais e funcionais das regiões orofacial (musculaturas da face e da mastigação) e cervical.

Os distúrbios de motricidade oral envolvem alterações de funções como a respiração, mastigação, deglutição e articulação (fala). O fonoaudiólogo trabalha com estas alterações juntamente de ortodontistas, otorrinolaringologistas, dentistas, médicos, entre outros

O sistema estomatognático responsável diretamente pelas funções orais, sucção mastigação, deglutição, respiração, fonação, expressão facial (mandíbula, língua e hióide).

Sugar é um ato reflexo, é através de uma sucção correta e eficiente que as estruturas faciais se desenvolvem para que posteriormente possamos falar de maneira eficiente.

Para tanto, a amamentação natural (no seio materno) é de grande importância, pois promove o esforço necessário durante o ato de sugar, para que o desenvolvimento muscular necessário para a fala, mastigação, deglutição e respiração aconteça de forma adequada.

Sua integridade funcional e anatômica permitirá correto desenvolvimento e crescimento das estruturas dento faciais garantindo seu perfeito funcionamento e possibilitando saúde ao individuo em virtude das inter-relações existentes entre o sistema estomatognático e os demais órgãos e funções dos outros sistemas.

O primeiro reflexo do neonato é a sucção. A alimentação do recém nascido para ser segura necessita de uma boa coordenação entre sucção, respiração e deglutição. Ao sugar o seio, o bebê estabelece o padrão adequado de respiração nasal e estimula adequadamente os músculos envolvidos na deglutição e, posteriormente, na mastigação. Esta estimulação precoce dará à criança subsídios de melhor adequação dos órgãos utilizados na fala.

Quando o aleitamento materno é inadequado ou inexistente, o bebê pode apresentar alterações de sucção, mastigação, e deglutição; problemas de fala; distúrbios respiratórios, problemas ortodônticos, anteriorização do reflexo de náusea e posicionamento inadequado da língua.

Quanto mais prolongado o aleitamento no seio materno, menor a incidência de alterações no sistema estomatognático; até os 6 meses de vida o bebê não necessita de nenhuma outra fonte de alimentação.

Fissuras lábio-palatais

O QUE SÃO ESSAS FISSURAS?

- As fissuras do lábio e do palato (“céu-da-boca”) são malformações congênitas incompletas do terço médio da face, ocasionadas, basicamente, pela falta de fusão entre os ossos maxilares, sendo um problema médico-odonto-social, portanto, há necessidade do citado tratamento integrado.


QUANDO OCORREM?


- Ocorrem no período embrionário ou entre a 3ª e a 7ª semana de vida intra-uterina, sendo que a formação do palato começa no final da 5ª semana, e se completa somente na 12ª semana do desenvolvimento do feto, mas o período mais crítico é o que vai da 6ª até o início da 9ª semana da vida intra-uterina para as fendas palatinas e 3ª semana para as lab

iais; o diagnóstico pré-natal é feito pela ultrassonografia na 14ª semana de gestação.


QUAIS SÃO OS TIPOS QUE EXISTEM?


-Clinicamente, as fissuras lábio-palatinas podem apresentar graus variados de gravidade, de acordo com a:

1 – Extensão: Podem ser: - unilaterais; - bilaterais; - completas; - incompletas;


2 - Localização:


a) Pré-forame (Forame é o orifício no osso por onde passam vasos sanguíneos e nervos) incisivo (junto aos dentes incisivos): quando acometem, total ou parcialmente, desde o palato primário (anterior) até o forame incisivo; na forma mais grave encontram-se fendido o lábio, a arcada alveolar e o assoalho nasal;

b) Trans-forame incisivo: Comprometem tanto o palato primário quanto o secundário (posterior), podendo ser unilaterais ou bilaterais;

c) Pós-forame incisivo: São somente as do palato, comprometendo desde o forame incisivo até a úvula (“campaínha”), sendo que, na forma incompleta, se encontra fendido apenas o palato mole (parte mais posterior do palato).



QUAL É A ESTATÍSTICA DISPONÍVEL?


- As fissuras estão classificadas entre o 3° e o 4° defeito congênito mais freqüente, sendo que no Brasil ocorrem na ordem de 01 para 650 nascimentos e a estimativa superficial aponta para a existência de, aproximadamente, 180.000 fissurados no Brasil. No mundo, a cada hora, nascem 15.000 crianças com essas anomalias. A proporção é de uma criança branca para cada 700 nascimentos; na população negra é de 1 para 2.000 nascimentos. As fissuras do lábio e do lábio e palato são mais freqüentes no sexo masculino; - já no feminino ocorrem mais as de palato somente.


QUAIS SÃO AS CAUSAS?


– Podem ser: multifatoriais (devido a vários fatores) e poligênica (vários gens envolvidos).


1) - Fatores Genéticos ou Hereditários:


- A incidência cresce com a presença de familiares fissurados, nas seguintes proporções:

- Pais normais = 0,1% de chance de ter um filho fissurado; - Pais normais e um filho fissurado = 4,5% de chance de ter outro filho fissurado; - Um dos pais e um filho fissurado = 15 % de chance de ter outro filho fissurado. Tudo leva a crer que, quando na presença de predisposição hereditária, a conjugação de fatores ambientais pode precipitar o aparecimento da anomalia. O casamento entre parentes também é uma causa significativa, principalmente no interior do Estado, onde este fato é mais comum.


2) – Fatores ambientais: Entre outros, destacam-se:


a) Nutricionais: - Deficiência na dieta materna de sais minerais (zinco, cobre, iodo, mangânes, flúor, principalmente) e vitaminas (A, riboflavina, ácido fólico e outras);

b) Químicos: - Quando a gestante faz uso freqüente e em grande quantidade de drogas, fumo, álcool, além de medicamentos sem a necessária orientação médica;

c) Endócrinos: - A cortisona produz, experimentalmente, fissuras de lábio e palato em quase 100% de camundongos;

d) Atômicos: - O efeito nocivo das radiações sobre o feto é indiscutível, podendo destruir ou alterar a capacidade de multiplicação e diferenciação das células – considerando-se também as radiações radiológicas durante a gestação;

e) Infecciosos: - Contato da mãe, no primeiro trimestre de gestação, com doenças, tais como: sífilis, rubéola, e outras.


QUAIS SÃO AS CONSEQÜÊNCIAS?


- Seus portadores, além de grave problema estético, apresentam distúrbios funcionais, desde a alimentação até a fonação. Se as deformidades não forem tratadas de modo adequado e mais prematuramente possível, causará também problemas psicológicos. O progresso da técnica cirúrgica e dos cuidados extra-cirúrgicos, através de uma bem treinada equipe multi-profissional tem possibilitado melhor êxito estético-funcional, tornando os portadores dessas deformidades cada vez mais integrados à sociedade, possibilitando que se casem e trabalhem normalmente, reabilitando-os definitivamente. Mas é bom lembrar que este resultado, geralmente, só será alcançado após decorrido um prazo de 15 a 20 anos, a não ser nos casos mais simples, isto é, de fissuras parciais.


As alterações encontradas nas fissuras anteriores são:

- Alterações no músculo orbicular dos lábios;

- Comprometimento da sucção e articulação;

- Depressão da asa nasal e desvio de septo que podem contribuir para obstrução nasal.

Já nas fissuras posteriores, as alterações encontradas são:

- Hipernasalidade.

- Refluxo alimentar para a cavidade nasal.

- Aparecimento de otites médias secretoras por impossibilidade de abertura das tubas auditivas.

A fissura que acomete o palato mole é denominada Fissura Palatina Submucosa, que pode provocar hipernasalidade vocal e refluxo alimentar nasal. Distúrbios Auditivos: Os Distúrbios Auditivos podem ocorrer devido à entrada de líquidos na tuba auditiva durante a deglutição, causando otites médias.

O mecanismo da tuba auditiva pode encontrar-se alterado devido a alterações na inserção e contração do músculo tensor do véu-palatino. Também podem ocorrer devido a anomalias anatômicas da tuba auditiva e seu funcionamento com o músculo tensor do véu palatino.

Alterações de Voz: As características vocais de pacientes com fissura palatina são hipernasalidade, nasalidade mista, redução da intensidade e qualidade vocal tenso-estrangulada.

Distúrbios de Fala: Os principais Distúrbios de Fala encontrados são a presença de mecanismos compensatórios e de fala, na tentativa de compensar o escape de ar nasal (tentativa para impedir que a corrente aérea seja direcionada para o nariz). Dificuldade para produzir fonemas plosivos fricativos.

As causas para o Distúrbio Articulatório são:

  1. Alterações na Função Velofaringea* – ocorre dificuldade na aquisição da pressão intra-oral necessária para e emissão de fonemas plosivos e fricativos. Também prejudica a ressonância vocal equilibrada.
  2. Deformidade do palato e da arcada dentária – ocorre distorção dos fonemas em decorrência dos pontos articulatórios não se encontrarem íntegros.
  3. Compensações glóticas (golpe de glote) – substituições devido à impossibilidade aérea de se obter os fonemas nos respectivos pontos.

COMO DEVE SER O ATENDIMENTO?


A Organização Mundial da Saúde preconiza que o tratamento seja realizado com a colaboração da própria família dos pacientes, e a integração continuada entre os seguintes profissionais: - Anestesista; - Assistente Social; - Cirurgião Bucomaxilofacial; - Cirurgião Plástico; - Enfermeiro; - Fisioterapeuta; - Fonoaudiólogo; - Geneticista; - Médico Clínico (Geral, Fetal ou Neonatologista); - Nutricionista; - Obstetra; - Odontólogo (Geral, Endodontista, Implantodontista, Periodontista e outros); - Odontopediatra; - Ortodontista;


- Ortopedista Funcional dos Maxilares; - Otorrinolaringologista; - Patologista Clínico; - Pediatra; - Protesista Bucomaxilofacial; - Psicólogo; - Radiologista, e outros profissionais que se fizerem necessários conforme cada caso exija, todos interagindo em conjunto.


Reabilitação Fonoaudiológica

A fonoaudiólogo atua no pré e pós operatório, para orientação inicial de sucção e alimentação e, posteriormente, na adequação funcional das estruturas.

Intervenção Precoce:

Os objetivos da terapia fonoaudiologica no tratamento precoce são:

  1. Alimentação: Atuar no aleitamento materno. (Obs: no pós-cirurgico da Queiloplastia não deve ser usada mamadeira por 15 dias. A alimentação deve ser pastosa rala por mais ou menos três meses).
  2. Hábitos Orais: Evitar instalação de hábitos nocivos.
  3. Sensibilidade: São feitos exercícios que abrangem três níveis de sensibilidade: tátil, térmica e gustativa. O objetivo desse trabalho é fornecer estímulos sensoriais na parte anterior da cavidade oral, evitando fixação de movimentos ompensatorios.
  4. Linguagem e Fala
  5. Audição
  6. Desenvolvimento Neuropsicomotor.

*O funcionamento do esfíncter velofaringeo ocorre da seguinte forma: 1- palato mole posterioriza-se, tocando a parede posterior da faringe; 2- medilização das paredes laterais da laringe; 3- anteriorização da parede posterior da faringe.

O QUE PODE SER FEITO PARA PREVENIR?


-Ainda não há condições para prevenir ou limitar a ocorrência das fissuras labiopalatais, mas é fundamental que ocorra um acompanhamento médico pré-natal, principalmente durante o primeiro trimestre de gestação, pois é o momento em que a futura mãe é preparada para lidar com a situação que enfrentará logo após o nascimento do bebê.


COMO PODEM SER OBTIDAS MAIS INFORMAÇÕES?

– Mediante contato com a ABFP-RN, no endereço constante no cabeçalho, poderemos orientar os interessados, ou, ainda, no diário (“blog”) http://abfp-rn.zip.net. No ambulatório do Hospital Pediátrico da UFRN há atendimento de 2ª a 6ª feira, das 08 às 12 horas (Tel. 84 - 3202 A amamentação natural (ao seio) é a maneira mais adequada para oferecer os nutrientes necessários ao crescimento e desenvolvimento do recém-nascido. Além disso, quando a criança é amamentada ao seio, as estruturas faciais têm um melhor desenvolvimento e a incidência de cáries é menor. Além dos nutrientes, o leite contém fatores antibacterianos, antivírus, antiinfecciosos, antiparasitários e propriedades imunológicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário